segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A PRINCESA E O LOBO I

Era uma vez uma Princesa muito bonita que vivia no Reino da Pedra Rubra. A Princesa tinha crescido a ouvir histórias terríveis que sua mãe contava sobre os homens e o pouco que eles valorizavam as mulheres. Tanto assim era que a Rainha (sendo ela a herdeira da coroa) havia banido todos os homens do reino e eram as mulheres que decidiam quando os queriam ver. Para tal saiam do Reino, faziam como lhes aprouvesse e voltavam.

A Rainha havia tomado essa decisão porque o seu consorte era um mulherengo que preferia beber copos e assistir a torneios do que a dar-lhe atenção. “Eram assim todos os homens”, decretara a Rainha , e assinara a lei que condenou todos os homens ao exílio, segurando ao colo a filha recém-nascida a quem chamara Amestris, que significava ‘amiga’, honrando assim a promessa que fizera a si mesma, enquanto dava à luz sem saber do marido, na companhia das suas amigas mais próximas. Foi no instante que segurou Amestris, pela primeira vez, que Litgarda – assim se chamava a Rainha – decidiu que não queria que a filha crescesse sonhando e idealizando o amor e, para prevenir tal inevitabilidade, baniu os homens da corte.

De nada serviram a Jefté, o marido da Rainha, as súplicas, promessas de mudança e arrependimento. Litgarda decidira que esta atitude era o melhor para sua filha e mesmo sabendo que nunca haveria outro homem que a fizesse sentir como Jefté fazia, expulsou-o juntamente com todos os outros. Fora quase há dezasseis anos que Litgarda tomara tal decisão e, em todo esse tempo, nunca mais voltara a ver Jefté com receio de voltar atrás na sua palavra. Durante esse período, Jefté vira a filha várias vezes. Lufinha, a aia da Rainha, levava a criança ao pai à Terra de Ninguém que era o pedaço de terra que separava Pedra Rubra da Terra dos Lobos, domínio dos homens . Amestris via em Jefté um bom pai e um bom amigo mas também via um homem. Aliás, via o único homem que alguma vez conhecera. E, embora o pai lhe parecesse muito diferente de tudo o que a mãe lhe dizia do género masculino, Amestris tinha receio de confiar.

Agora, quase a completar o seu décimo sexto aniversário, Amestris estava prestes a visitar a Terra dos Lobos pela primeira vez. Assim era com todas as mulheres de Pedra Rubra: faziam a sua primeira visita ao antro daquele que muitas vezes viam como inimigo no dia em que completavam dezasseis anos. Assim era com todas as mulheres e assim seria com Amestris.

 

7 comentários:

Rosa Negra disse...

Começou bem :)

Teresa disse...

Está visto o que vai acontecer, vão-se apaixonar todas umas pelas outras que sem paixão ninguém vive e à falta de cão caçam com gata...
Gosto, é uma novela muito moderna e pedagógica.

Por ti disse...

Gosto especialmente dos nomes.

Luz

Mente Quase Perigosa disse...

Rosa, ainda bem que estás a gostar!

:p

Mente Quase Perigosa disse...

Tereza, deves julgar que és a minha guionista, não?

Isto vai ser do best!

Mente Quase Perigosa disse...

Luzinha ainda falta tanta gente. Se gostas dos nomes, vais ficar freguesa.

calamity jane disse...

Eu cá acho que estás a enrolar a malta. Essa é que é essa.