terça-feira, 28 de setembro de 2010

A PRINCESA E O LOBO II

As mulheres do Reino das Pedras Rubras eram educadas para ter apenas um interesse na espécie masculina: no seu corpo. Educadas com a ideia de que os homens apenas as queriam para sexo e pouco interessados estavam na sua essência, elas haviam aprendido a viver sem eles. Haviam aprendido a viver em comunidades onde dependiam apenas do conforto emocional das mulheres e a abdicar de toda e qualquer ilusão numa relação com os homens que envolvesse mais profundidade do que aquela que dois corpos conseguem alcançar numa noite tórrida de sexo. Certo era que a grande maioria mantinha relações com apenas um homem, pelo menos, de cada vez. Tal não havia sido preestabelecido nem determinado pelas regras impostas por Litgarda mas tinha sido esse o rumo natural que as coisas tinham seguido.

Os homens da Terra dos Lobos, no entanto, nunca iam a Pedras Rubras nem estavam autorizados a contactar nenhuma mulher. Toda e qualquer iniciativa partia exclusivamente delas. A regra imposta pela soberana tinha sido alvo de protestos ao longo dos anos. Mas, impossibilitados de visitar o Reino, nenhuma alternativa restava aos homens a não ser fazer chegar cartas à Rainha. Cartas essas que ela fazia questão de devolver na mesma condição que lhe chegavam às mãos: invioladas. Nem por uma única vez, que se soubesse, a Rainha voltara a comunicar com qualquer membro do sexo masculino. Cabia a Remígia, sua assistente e diplomata, a comunicação com a Terra dos Lobos. Remígia fora incumbida dessa severa missão pouco tempo depois da lei do exílio ter sido proclamada. Doce mas firme, Remígia tratava de todas as questões relativas à prosperidade de ambos os lados, relembrando sempre Litgarda que também os habitantes da Terra dos Lobos eram seus súbditos. Podiam ser homens mas era seus súbditos. Quando a Rainha estava acometida de alguma fúria, Remígia sabia qual o lado a que apelar e relembrava-a de que todos os meninos quando completava 10 anos eram enviados para a Terra dos Lobos. Quereria a Rainha que os filhos, ainda jovens, das suas devotas súbditas passassem necessidades? E com essa frase, Remígia conseguia, invariavelmente, levar boas novas a Jugurta, o seu equivalente na Terra dos Lobos.

Remígia, no entanto, debatia-se agora com um problema. A aproximação do aniversário de Amestris iria causar problemas. A Princesa não era uma qualquer mulher, livre de passear pela Terra dos Lobos e escolher o homem que lhe apetecesse. Se bem conhecia Litgarda, Remígia sabia que a Rainha nunca o permitiria. E foi essa preocupação que a levou a decidir procurar Jugurta pessoalmente.

 

12 comentários:

Sérgio disse...

Deste episódio retenho o seguinte:
"Haviam aprendido a viver em comunidades onde dependiam apenas do conforto emocional das mulheres..."

Teresa disse...

(é o que eu digo sérgio... isto vai dar rebaldaria. está aqui está a responder ao anúncio do pikeno electrodoméstico (http://cuidadoaoabrir.blogspot.com/2010/09/microclassificados-menina-procura.html) com a desculpa de que é pesquisa para a novela...

Mente Quase Perigosa disse...

Sérgio isso é tudo fascínio pelas sociedades patriarcais?

Mente Quase Perigosa disse...

Tu andas em sítios muito estranhos, Tereza...

Mente Quase Perigosa disse...

Sérgio, obviamente era matriarcais.

Isto deve ter sido um acto falhado. Freud explicava, de certeza.

Sérgio disse...

Mente, a mim parece-me mais uma ginecocracia.

Mente Quase Perigosa disse...

(Bolas... O miúdo percebe disto!)

(Acho que vou usar a palavra no episódio de amanhã...)

Sérgio disse...

Não, não percebo disto. A wikipedia é que sabe. Aliás no que toca a mulheres já nem tento perceber.

Mente Quase Perigosa disse...

Porque será que todos os homens dizem isto?

E depois agem de forma incompreensível para o sexo feminino.

Depois nós andamos às aranhas e sem perceber nada, tornamos-nos misteriosas.

Quanto mais mistério menos eles percebem...

É uma pescadinha de rabo na boca, é o que é!

Sérgio disse...

Eu não sei se todos os homens dissem isso, mas eu também não sou como todos os homens.

Mente Quase Perigosa disse...

Sérgio, todos os homens dizem isso também! (que não são como os outros homens)

:p

Rochas disse...

Eu sou como todos os homens e, às vezes, desisto de tentar compreendê-las. Mas sempre tento de novo, porque acho que vou me entender também: "Conheça tua origem e conhecerás teu fim."
Mas estou gostando da novela, apesar de achar que poderia ter sido um pouco mais dinâmica...