Há 10 anos atrás, havia um homem na minha vida que me dava flores quase todos os dias. Os ramos incluíam sempre rosas ou orquídeas. As rosas nunca tinham espinhos mas eu descobri, mais tarde, que ele os tinha guardado todos para mos espetar no fim. E foram muitas rosas… Uma das coisas que ele me ofereceu foi uma orquídea em vaso. Quando me espetou os espinhos todos e fez de mim um alvo em movimento, eu decidi vingar-me. Muito maturamente, escolhi como alvo da referida vingança, a orquídea que entretanto crescera como uma erva daninha. O primeiro passo foi colocá-la na rua. Toda a gente me dissera que estas bicharocas eram muito sensíveis e que morriam por duas coisas: tudo e nada. Com isso em mente, expulsei-a de casa. Como a desgraçada não dava ares de querer fenecer, decidi levar a coisa ao extremo e coloquei-a sob o sol inclemente de Julho. De vez em quando, ia lá vê-la. Firme e hirta. Nem uma folhita com ar de quem ia quinar. Lá ficou. Todo o Verão e todo o Inverno. Passou pela seca e pela inundação. Nunca foi regada. Nunca foi adubada. Nunca foi fertilizada. Nunca foi tocada. Na primavera, numa das vezes que passei por ela, vi que, por entre as folhas empoeiradas e enlameadas, surgia uma flor. Acho que foi nesse momento que fiz as pazes com o mundo. Limpei a bichinha, fertlizei-a, resguardei-a e, quando a flor cresceu e caiu, dividi os bolbos que já se encavalitava uns nos outros por vários vasos. Esses vasos já se desdobraram em mais vasos que já foram viver para outras casas. Alguns continuam no alpendre de trás. Se eu podia aqui acrescentar alguma frase com alto conteúdo moral acerca do paralelismo entre a planta e a personagem principal deste blogue, podia, mas toda a gente sabe que eu estou mais para erva daninha do que para delicada orquídea, portanto vamos lá ao que realmente interessa.
No Dia dos Namorados, ofereceram-me uma roseira pequenina num vaso com corações espetados e tudo e tudo e tudo. Aqui há uns dois meses, a bicharoca começou a dar os típicos sinais da (como diria o meu amigo Almancil que há muito não aparece) bufita mestra. Pensei comigo e com os meus botões que, de facto, eu e as roseiras não temos histórias com finais felizes. Numa tentativa derradeira de salvamento a que só faltou mesmo a respiração boca-a-boca, podei-a toda, fertilizei-a, coloquei-a mais perto do sitio onde me costumo sentar no sofá. Na semana passada, os rebentos das folhinhas já me faziam sorrir. E desde há 2 dias que eu me sentava no sofá com o Projecto de Gaijo à espera que o pequeno botãozinho se abrisse. Foi ontem…
Agora sim, o paralelismo com elevado conteúdo moral que se impõe: eu devo ser uma pessoa adorável!
(E quando eu digo pequeno, não é uma hipérbole. É mesmo pequeno. Aquilo é uma colher de café. Para aqueles que baralham os talheres, é a colher que vem com a bica…)
(E Bom Dia para todos que estas coisas têm tendência para me pôr bem disposta!)
2 comentários:
Tb tens metáforas de chacha sobre plantas. :D
*A parte do chacha é só para enganar, que eu gosto muito de metáforas e de plantas que nos dão lições.
Tenho, não tenho? Eu sei.
*Também adoro metáforas!
AHAHAH
Enviar um comentário