segunda-feira, 2 de agosto de 2010

DAMAGED GOODS

“I’d rather hurt than feel nothing at all.”

(Lady Antebellum in ‘I need you now’)

Nos últimos tempos li variados textos pela blogosfera afora acerca dos inconvenientes/incómodos/malefícios de uma relação com um homem divorciado. Inconvenientes/incómodos/malefícios esses que podem ser altamente elevados caso o malvado, além de ser DIV, tenha tido a infeliz ideia de procriar enquanto estava casado.

Basicamente, pelo que leio é altamente desaconselhada qualquer aproximação de seres dessa espécie. Os argumentos são variados e eu poderia até enumerá-los, mas falta-me a pachorra. Sendo as questiúnculas mais batidas as relacionadas com as ex-mulheres (todas elas umas megeras que dedicam o resto da sua vida a infernizar o dia-a-dia do divorciado) e as putas das criancinhas que nunca são educadas e têm todas um sentimento de posse exacerbado em relação ao pai o que as leva a rejeitar e a jamais em tempo algum interagir com a nova namorada do pai.

Ora eu leio estas coisas e nem me detenho no estereotipo da ex-mulher porque acho que já vai sendo tempo de abrir os olhos e ver que entre pessoas civilizadas, essas coisas são evitadas a todo o custo. As ex-mulheres do século XXI podem até cortar na casaca da senhora que se seguiu, mas não interferem. Man, elas até dão conselhos aos ex’s!!! Porque, ao fim ao cabo, quem melhor do que elas sabe onde eles mais falham? As ex’s mulheres do século XXI, falam com os filhos e asseguram-lhe que o facto do pai ter outra namorada (mesmo que ela traga a sua própria prole), nada muda na relação que tem com eles. São elas que lhes garantem que o seu mundo apenas ganha mais gente e mais amor e não perde parte nenhuma do que já conhecia (enquanto fazem figas e rezam para que seja mesmo verdade).

O que me parece bacoco nestes textos que ando para aí a ler é que os autores se olvidam de uma pequena parte. Toda a gente tem bagagem emocional (a não ser que estejamos a entrar nos vintes o que não é o caso dos autores que li). Não é preciso que o estado civil seja divorciado para haver ex’s-qualquer-coisa a infernizar a vida seja de quem for. E quem não tenha tido um(a) ex-namorado(a) com perfil de stalker que ponha o dedo no ar. Pois… Foi o que eu pensei… Está tudo a segurar o garfo e a faca, n’é? Certo…

E, por fim, aquilo que me tem feito remoer cada vez que leio estes argumentos… Estava ontem a falar com uma amiga recém divorciada que me dizia que andava a trocar mensagens com um fulano que tinha conhecido e hesitava se lhe dizia já que tinha uma filha. Pois é… Foi isto que me fez entornar o copo e escrever o post que eu achava que não ia escrever e que não me apetecia escrever que estamos em silly season e isto é assunto sério.

É que se é altamente desaconselhável uma relação com um homem divorciado com filhos, o que dizer de uma relação com uma mulher divorciada com filhos?

É que um homem, na maioria dos casos, tem um fim-de-semana com o filho de 15 em 15 dias mais uma ou outra noite por semana. Parecendo que não, é fácil gerir uma relação com essas limitações. E as mulheres divorciadas?

Quer queiramos quer não, têm menos tempo, são os pilares dos filhos que são quase omnipresentes na vida dela. O que dizer disto? Devem deixar, de todo, a ideia de ter um relacionamento até, pelo menos, os putos irem para a faculdade? É que se os argumentos contra os homens divorciados são esses, em relação às mulheres divorciadas esses argumentos também são válidos com a agravante de serem elevados a n.

Somos tão modernos mas ainda proclamamos as ideias das nossas avós, não é? O divórcio ainda é um estigma pesado. Ainda é difícil aceitar que as pessoas podem deixar de gostar de outra e terem vidas separadas e ainda assim manterem uma relação de amizade e avançarem com as vidas deles em paz e fazerem as crianças felizes. Por aquilo que ouço e leio, ainda é mais fácil entender alguém que mantem uma relação de fachada por causa das crianças (coitadinhas) do que aqueles que lutam por uma nova vida, seguindo caminhos diferentes, onde essas crianças têm lugar (ou, mais especificamente, dois lugares distintos) e oportunidade de ver os pais felizes. Como dizia uma senhora, aqui há uns tempos, estando à mesa com 4 mulheres separadas: vocês agora são todas refugo.

Quando leio esses textos sobre as desvantagens de namorar um homem divorciado, lembro-me sempre dela. É que se em relação a eles é desaconselhável, no caso das mulheres é melhor nem a ideia vos passar pela cabeça. Elas são refugo. Os restos da sociedade. Trazem bagagem tão pesada que nem os bell boys dos anos quarenta (habituados aos baús das divas) a conseguiria levantar do chão. Elas gerem já tanta coisa na vida que não têm espaço para gerir mais nadinha. O amor é-lhes vedado. Deveriam vir com letreiros néon a indicar o seu estado civil ou, melhor ainda, terem um sinal qualquer tatuado num parte do corpo visível.

É que se em relação aos homens divorciados é difícil, no caso das mulheres divorciadas… Bem… Toda a gente sabe que elas são damaged goods!

(Em me apetecendo, já faço uma análise não irónica da questão e das suas verdadeiras dificuldades.)

5 comentários:

Mae Frenética disse...

É por estas e por outras que ainda ouvimos coisas como eu ouvi do melhor amigo do meu marido quando me nasceu o segundo filho: "tas safo. Mais um, e ela nunca mais te deixa. É q com 3 mais ninguem lhe pega!"

Eu ainda estou para saber se isto foi dito a serio ou a brincar...

Fusão do Atomo disse...

E é verdade. Mente, com tanta Mulher "only" por aí, quem quer trabalhos e chatices com a prole, que a maior parte das vezes são mal educados como portas onduladas?

Estou a ser jocoso, mas é a verdade, sou casado há muitos anos a minha Mulher é fantástica, tenho uma filha e já tenho um neta, mas se por qualquer razão ficasse sózinho nunca mais quereria uma relação séria e com obrigações. Ná!!

Mente Quase Perigosa disse...

Fren, a brincar a brincar, as ideias mantêm-se lá. E é uma pena...

Mente Quase Perigosa disse...

Quer dizer que se te apaixonasses (hipoteticamente falando e considerando a hipótese de seres sigle, obviamente) por uma mulher com filhos, abdicarias da paixão devido à 'carga', Fusão?

Fusão do Atomo disse...

Mente, uma relação a sério para mim é aquela em que se comunga tudo, o bom e o mau. Posto isto, a "carga" nunca seria um empecilho.

Mas neste momento se esses pressupostos fossem reais, faria tudo para não ter uma relação séria.

Mente, tudo isto escrito assim, duro e puro não faz o minimo sentido, eu sei. Talvez volte ao assunto mais tarde