sexta-feira, 24 de abril de 2009

QUANDO FOR EU, LEVEM A CHOURIÇA E A BROA, S.F.F.

(Foto de Maria Rosário Azevedo Mendes, dedicada mesmo a ele aqui.)

Quando foi decidido, contra todas as minhas convicções, que haveria um velório toda a noite, eu pensei cá de mim para comim: Mente Maria, isto vai correr mal que tu não tens pachorra para velhas carpideiras a babarem-te as bochechas a noite toda!!!!

O que eu não sabia é que as pessoas que nos babam as bochechas têm que ir para casa dormir para ter força nos beiços para nos babar convenientemente no dia a seguir (sim, eu sei que as pessoas querem confortar-nos e tudo e tudo e tudo, mas podia ser um bocadito menos, não?).

Assim sendo, o que restou: foi o pessoal sub-35 que roubou o aquecedor de debaixo da altar, o acendeu e o baptizou carinhosamente de 'padre'; montou um camping gaz; uma que roncou toda a noite debaixo de um edredon cor-de-rosa; a minha irmã a rir debaixo de uma gabardine e a tentar pôr ordem no estaminé "porque eu quero dormir! parem lá de falar de pulgas!"; um debate acirrado sobre a alimentação vegetariana; uma ida à bomba de gasolina porque tava tudo a morrer de fome; há um nicho de mercado que deveria ser explorado e que consiste em buffets para velórios. Agência que invista nuns acepipezinhos tá garantida, é o que vos digo.

Não foi digno, não senhora, mas também não foi triste. Foi de uma forma que ele teria, decididamente, aprovado. Acho que ele só teria reclamado porque não houve nenhuma alminha que se tivesse lembrado da garrafa de whisky, embora ainda tivesse havido uma cervejita a circular.

10 comentários:

InêsN disse...

sobre a etiqueta: também nunca esquecerei quem esteve comigo quando mais precisei...e quem não esteve.

força que os próximos tempos vão ser duros.

um beijo.

Rita Camões disse...

quando o meu pai morreu eu era ainda muito pequena(http://soutodoscachopos.blogspot.com/search/label/Acho%20que%20divaguei%20digam-me%20voc%C3%AAs), os velórios eram ainda feitos em casa por isso imagina o maralhal de gente que nunca tinhamos visto mais gorda a entrar-nos porta adentro. Diz a minha mãe(que eu já não me lembro) que era só velhas a roncar umas em cima das outras , enquanto se rezavam terços em série, é assim uma espécie de transe...

Bem life goes(ade)on

MQP aqui em Bragança as Funerárias providenciam sopa, pão e bolinhos, bem como bebidas nos velórios.

Loira disse...

RitMargaride: JURA???

MQP: baby, fizeste-me lembrar uma cena que a Repolha conta sobre o velório do pai dela.
beijo grande nessa bochecha.

M disse...

em angola fazem o comba q é comida cm se n houvesse amanhã, bem ao jeito do q a ritmargaride diz q foi do pai.

bj meu

Mente Quase Perigosa disse...

inês: pois vão, pois vão...

Ai Rit que invejinha. Muita fominha se passa na capital.

Loira: as lambuzadelas dos amigos são sempre bem vindas.

Monikyta: era só angolanos e ninguém se lembrou da comida. Eu não acho normal...

M disse...

lol

ó mente...somos [meio] conterrâneas? :P

Margarida disse...

Se foi de uma maneira que ele gostaria...então foi de uma boa maneira, com certeza! :)

calamity jane disse...

Tenho a certeza que sim!

disse...

MQP, ainda bem que os teus amigos estiveram à altura num momento tão dificil.

Beijo grande

anne disse...

se foi de uma forma que teria aprovado, então foi muito digno.
beijo