sábado, 16 de agosto de 2008

UMA CARÍCIA DE VERÃO


Há uma certa magia na forma como os homens conseguem transformar as suas mãos másculas em plumas quando nisso colocam a sua vontade. Considero essa a 8ª maravilha do mundo...

Há uma coisa que eles fazem sublimemente e que eu considero a caricia de verão que, ao fim ao cabo, nada mais é do que uma promessa.

Penso que todas as mulheres concordarão que uma maneira rápida, eficaz e infalível de pôr os nossos joelhos a tremer é quando, numa tarde ou noite de Verão, um homem se aproxima de nós, por trás, afasta os nossos cabelos muito lentamente, deixando o pescoço, ombros e costas à sua mercê. Aquele arrepio que esse gesto causa, que não sabemos muito bem se causado pelo toque leve dos seus dedos, se pelo arrastar do cabelo, se pela brisa, faz desde logo antecipar o que se segue. Faz antecipar um roçar de uma barba por fazer e aquele beijo húmido, firme e suave ao mesmo tempo, na curva entre o pescoço e o ombro ou na base da nuca. E nesse momento, meus caros leitores masculinos, estamos perdidas. Podemos não o admitir, mas com esse beijo, com essa promessa de que tudo pode acontecer a partir daí, conquistaram a donzela e ela ainda vos entrega o castelo como bónus.

E isto é por onde a Mente divaga enquanto olha para uns sapatos vermelhos a pensar que é hoje que vai provar que pode andar com saltos de 10 cms sem que isso constitua uma potencial tentativa de suícidio e que é, de facto, uma pena que seja trabalho porque se não fosse, arriscaria procurar o Conde Drácula. Quando o encontrasse, dir-lhe-ia com uma voz baixinha, bem junto ao seu ouvido: "Por favor... Mordes-me o pescoço?" Enquanto deixava que os meus lábios deslizassem pelo pescoço dele...

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

DIA 4 DO PROGRAMA

Hoje era dia de duplicar a dose dos comprimidos.

Saí de casa de manhã, comprei uns sapatos vermelhos (lindos de morrer, altérrimos e que eu nunca pensei que alguma vez na vida teria coragem de usar) e com isso tudo esqueci-me de tomar os comprimidos...

Amanhã porto-me bem. Juro!

DIA 3 DO PROGRAMA

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O MEIO-SORRISO DA PERFEIÇÃO


Ahhh vocês conhecem-no, de certeza. É aquela coisa entre esgar e sorriso que as pessoas perfeitas fazem quando nos contemplam, a nós meros mortais.

Vejam lá se não conhecem o discurso:

"Que giro... O teu filho não sabe fazer equações... Deve ser normal... Eu é que não estou habituada a isso que o meu Zézinho resolvia raizes quadradas antes dos 9 meses... De certeza, que o teu deve ter outras qualidades..." Altura em que surge o tal meio-sorriso condescendente.

"Já pensaste em falar com o teu pediatra sobre o comportamento do Projecto? É que ele faz birras... Se calhar, tem a ver com a queda do muro de Berlim... É só uma ideia... O meu Manelinho nunca fez uma birra. Não sei o que é isso..." E lá está ele! O meio-sorriso da perfeição...

O meu filho fez a sua primeira birra antes de completar 48h de vida, ok? Eu não tenho a pretensão de ser uma daquelas mãezinhas que bate orgulhosamente no peito porque o seu rebento nunca esperneou como se fosse o filho do próprio Belzebu, porque o meu filho já o fez e fá-lo com alguma frequência. Não é o traço da sua personalidade que eu mais admiro mas tenho que viver com ele. Também tenho que engolir muito sapo de muita gentinha que não cresceu nas minhas entranhas e ando aqui.

Não creio que o meu filho seja super-dotado e que vá compor a sua 1ª sinfonia antes de entrar na primária ou ler o Lusíadas de trás para a frente antes de sair do Jardim de Infância. Mas também não faço nenhuma questão disso. Faço questão, sim, que ele tenha uma infância normal e feliz e que aprenda o que quer e não que aprenda a gostar do que eu lhe imponho.

Quanto aos meio-sorrisinhos que andam sempre aí à espreita para criticar o meu comportamento como mãe (sim, porque quem ande aí a julgar que isto de demolir muros é um mar de rosas, desengane-se. Que a partir do momento em que deixa de haver macho em casa, o que não falta são galinhas a alvitrar e machos a querer ocupar o poleiro!): podem ir para a pata que vos pôs!!!!

P.S.: Oh pá, o que eu gosto desta expressão e parece-me mais soft que PQP! É mais uma daquelas que ouvia à minha avó e que me ficou na lembradura.

RESUMO


De uma noite do fim-de-semana...

A irmã da C. teve um acidente de bicicleta e esteve em coma. Desde que acordou nunca mais comeu nada que tivesse coco. Actualmente, vive no meio da selva do Congo rodeada de coqueiros.

Uns amigos do R. foram para Amesterdão, fumaram erva e comeram cogumelos mágicos. A meio da noite e do seu delirio chegaram à conclusão que faltava um deles. Como não conseguiam perceber quem faltava (o que é estranho, uma vez que estavam lá todos...) decidiram sair para a rua. Quando chegaram ao jardim viram um daqueles anões foleiros de loiça e concluiram que lhes faltava um anão (como eu os entendo... Lololololol). Percorreram as ruas da cidade até encontrarem o elemento perdido. No dia a seguir, descobriram um anão amarrado e amordaçado debaixo de uma das camas. É que, aparentemente, depois de descobrirem o elemento que faltavo, o gaijo se recusava a cooperar. Deixaram-no numa esquadra (devia ser para ele apresentar queixa mais depressa...) e fugiram.

Depois disto, restou-nos (3 gaijas: 2 trintonas e 1 vintona) torturar o elemento mais fraco (o teenager estagiário acabadinho de fazer 19 anos) até ele nos contar a sua vida sexual. E quando as forças nos faltaram, chamámos reforços... Só ainda não fui despedida porque estou de férias. Mas quando voltar dia 2, deve lá estar a cartinha à minha espera.

Moral da história: andar de bicicleta agarrada a uma scooter não é grande ideia; há sempre um anão disponível quando menos esperamos; e, last but not least, nunca, mas nunca meeeesmo cuspam numa mulher!!!!

A sério... Esta gente é minha amiga e, mais grave, trabalham comigo... Vocês acham mesmo que eu tenho condições de ser normal?

OVO


O meu amigo mais antigo que eu não vejo há uns 6 anos está a passar férias na casa de um colega meu de trabalho que eu conheço aí há um ano que por acaso é primo da mulher do meu amigo.

E descobrem isto pelo HI5...

Costuma-se dizer que o mundo é um ovo... O meu mundo deve ser um ovo de codorniz, de certezinha absoluta.

DIA 2 DO PROGRAMA


Consumo de nicotina reduzido em 25%.

Os cigarros sabem mesmo mal quando se toma aquilo. Mas eu sou uma gaija persistente...

Até mais ver não há ansiedades parvas.

À conta disto, vou ali fumar o cigarrito da noite e já volto para postar mais 1/2 dúzia de coisas.

O PANDA DO KUNG FU


Foi este o 1º filme que foste ver ao cinema. Nós 2 de mão dada no escurinho. Portaste-te lindamente.

A 5 minutos do final do filme, levantaste-te da cadeira, olhaste-me bem nos olhos e disseste: "Mãiii, não quéio mais panda. Quéio ir p'a casa."

E com este singelo discurso, encaminhaste-te para a saída.

Pede-se a quem tenha visto o fim do filme que faça uma pequena resenha que anda uma mãiii a criar um gaijo para isto...

JÁ TÁ!


'Já tá': expressão, brejeira, que indica que uma qualquer tarefa está terminada. Alguma missão está concluida. Cá em casa usada frequentemente pelo Projecto de Gaijo quando está nas suas tarefas obrigatórias: por coisas no lixo, por roupa nos cesto da roupa suja, arrumar brinquedos ou então quando termina uma qualquer 'empreitada' escatológica. Depois disto é frequente ouvir-se o proverbial: "Oh mãiii, Já Tá!"

Mas o Já Tá também tem o oposto; ou seja, quando algo não está ainda terminado. Cá em casa o oposto de 'já tá' é: AINDA NÃO JÁ TÁ!

Anda uma mãiii a inventar palavras para descomplicar a língua portuguesa e vem a geração a seguir borrar a pintura toda!!!!

P.S.: A foto resultou de uma busca por imagens no google por ainda 'ainda não já tá'. Era isto ou um muro em construção...

DIA 1 DO PROGRAMA

12/08/2008

Hoje começo a tomar os comprimidos! Talvez seja melhor adiar uns dias... Não! É hoje!

Pronto... Não batas mais... 'Bora lá ler a bula.

É melhor experimentar para ter a certeza que o medicamento não afecta a capacidade de conduzir maquinaria pesada... Isto começa bem. Tenho mesmo que experimentar conduzir maquinaria pesada para tomar esta cena?

Deixa-te de merdas! Toma o comprimido!

Ok... Já tá!

Não sinto nada... A não ser vontade de fumar um cigarrito... Vou-me sentar a ver se isto faz efeito...

1/2 hora depois: Coração a acelerar. Coração a acelerar muiiiiiiiito... Fuck, fuck, fuck... Não era suposto a malta deixar de fumar para não ter ataques cardíacos? Querem lá ver que vou ter um enfarte por causa da merda dos comprimidos que é suposto fazerem com que eu deixe de fumar para não morrer aos 60 com o ataque cardíaco que vou ter agora aos 33?

Respira... Inspira... Expira...

Okay, já passou. Vamos fumar. Ao fim ao cabo, tivemos uma 'near death experience'...

Blheck... Esta cena faz os cigarros saberem mal...

P.S.: A foto é a coisinha mais parecida comigo neste momento...

P.S. 2: Estão admiradinhos com as asneirolas? Temos pena!!!! Experimentem lá deixar de fumar, fazer dieta e passar 3 semanas sozinhas com um puto de 2 anos e 10 meses... Depois logo me dizem se não estou a ser meiguinha...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

GUSTAV KLIMT


E um elemento habitual aqui da xafarica apercebeu-se da minha paixão pela obra de Gustav Kilmt e apresentou-me a um quadro que eu desconhecia por completo.

No entanto, e como foi tão bem indicado, não poderia ser mais apropriado à semana.

Adoro o trabalho deste pintor. Ele expressa com o seu pincel e telas e cores o turbilhão de emoções de uma alma, seja ela de quem for. Penso que é impossível olhar a sua obra com indiferença. E acreditem que eu não percebo nada de pintura, nem pretendo conhecer. A pintura, a arte em geral, está para mim como a música: ou gosto ou não gosto.

O nome desta obra, como não poderia deixar de ser, é 'Expectation' (Expectativa).

"EXPECTATION. The girl shown dancing under one of the trees of knowledge represents Expectation - an attitude characteristic of klimt's women during the period following his femme fatales."

MAKTUB


"Por definição, destino é a fatalidade a que estariam sujeitas todas as pessoas e todas as coisas do mundo.

Em diversas culturas, destino é o que rege os nossos caminhos, nossas escolhas e o que determina cada minuto de nossas vidas, do nascimento a morte. Então, todos estamos condicionados, de alguma forma, a essa força.

Na cultura islâmica, ao destino se dá o nome de “Maktub”, ou “ aquilo que está escrito”. De acordo com o islamismo, não é possível separar-se do que foi escrito por Alá, não existe possibilidade de alterar o curso da própria vida.

Os cristãos e os católicos crêem que cada um de nós é responsável pelas suas próprias decisões e escolhas, traçando seu destino.

Acredito numa mistura dos dois. Acho que já nascemos com um ciclo de vida traçado, mas, dependendo de atos de ações podemos alterar esse ciclo, para melhor ou para pior.

Nossas decisões é que nos levam a um caminho ou outro, nossos desejos e impulsos é que nos movem para o bem ou para o mal."
(Ana Celeste Franco)

Ou isso ou colocamos o nosso Destino nas mãos de velhotas de 80 anos e seja o que Alá quiser. E esse, sim, deve rir-se que nem um perdido de nós, pequenas marionetas, à mercê dos seus caprichos irónicos e bem-dispostos.

Cada vez mais, a minha imagem de Deus é a de um velhote gozão que adora pregar partidas... E como eu gosto dele assim!!!!!

EU SABIA...


'A celulite é uma defesa orgânica feminina. O organismo coloca ali, no seu rabiosque e ancas o excesso de gordura que se ingere, em vez de entupir as tuas artérias; por isso os homens sofrem enfartes em maior quantidade que as mulheres.'

Eu tinha a certeza que havia um motivo... Deus não seria tão injusto!!!

...

(Detalhe do quadro The Three Ages of a Woman - Gustav Klimt)

Como o mundo seria mais fantástico se as relações fossem tão fáceis como trocar super-poderes com míni-super-heróis. Super-poderes sacados da mala do Sport Billy na forma de fitas pretas.

Ter super-poderes é fácil, dificil mesmo é ser humana!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

ONCE IN A BLUE MOON...

(Hope por Gustav Kilmt)

"At the end of the day faith is a funny thing. It turns up when you don't really expect it. Its like one day you realize that the fairy tale may be slightly different than you dreamed. The castle, well, it may not be a castle. And its not so important happy ever after, just that its happy right now. See once in a while, once in a blue moon, people will surprise you , and once in a while people may even take your breath away."
(Meredith Grey in Anatomia de Grey)

Não existem felicidade e perfeição absolutos. Porém, nesta vida, existem pequenos momentos, instantes, fracções de segundos de felicidade extrema... Momentos perfeitos... E são esses que ficam para sempre gravados na nossa memória e que realmente nos fazem perceber porque é tão bom estarmos vivos.

EXERCICIO DE SAUDADE


"Quem conhece as capacidades de uma mãe em exercício de saudade?"
(Mia Couto in "Cronicando")

Aguentei estoicamente 5 dias. Que nem uma leoa. 5 dias inteirinhos segurando a saudade e as lágrimas.

Ontem, não sei se por causa da sinusite, se por causa do período, ou se porque o vi, ou se porque vi a Anatomia de Grey ou se porque o dia acordou nublado, não deu mais.

Quando a minha mana do coração ligou, começou a cair chuva dos olhos. No meio das 'tragédias' das nossas vidas que íamos relatando, as lágrimas corriam. De um lado e do outro.

Chorei tudo o que tinha direito pelos últimos 6 meses. Chorei o que tinha a chorar agora e o que estava em crédito, purgando culpas e dores.

Lembrei-me de quando, há uns anos, também falávamos de dor e mágoa e jantávamos juntas com 300 kms de distância entre nós. De como eu, por vezes, também aí, chorava em silêncio, para que não percebesses e esse facto aumentasse a dor que estavas a sentir e que eu daria tudo para exorcizar do teu peito.

Ontem chorei sem controle e sem o tentar controlar. Chorei até as lágrimas secarem por si. Talvez por isso, e pela 1ª vez desde que foste de férias, dormi a noite inteira. Sem sobressaltos, sem sonhos e sem acordar em pânico porque não me lembrava de te deitar. Mas filho, vais-me desculpar, mas dormi agarrada ao teu dinossauro...

P.S.: A foto foi descaradamente roubada de um blog amigo, mas acho que me perdoam... :o)

DESTINY...

"We all think we’re going to be great and we feel a little bit robbed when our expectations aren’t met. But sometimes expectations sell us short. Sometimes the expected simply pales in comparison to the unexpected. You got to wonder why we cling to our expectations, because the expected is just what keeps us steady. Standing. Still, the expected's just the beginning, the unexpected is what changes our lives."
(Anatomia de Grey ontem na 2:)


Se 'expectativa' não é a palavra da semana, não sei qual será. Mas gostei desta perspectiva...

P.S.: A foto é só mesmo para dar cabo da carola das meninas... ;o)

terça-feira, 5 de agosto de 2008

PENSAVAM...


Que o meu fascinio se tinha esgotado?

Nem pensar nisso, hei-de ser velhinha e ainda assim 'vidrada' no que a Ausonia me cuenta.

E quanto a esta, só posso mesmo dizer: estes amaricanos devem estar loucos!!!!! Que género de artefactos se encontrarão neste museu?

Mentes mais sensíveis, desligar AGORA!

Será tipo: O último tampão usado pela Marylin Monroe? O lençol que que a Liza Minelli sujou quando o Mr. Red a surpreendeu durante a noite?

Medo... Muito medo...

CAROS LEITORES


Oh p'ra mim a enfiar Sinutabs de 8/8 horas...

Pedimos desculpa por qualquer inconveniente, mas qualquer bacorada que eu faça e/ou diga, está amplamente justificada pela falta de oxigénio no cérebro.

Obrigada.

CLARIFICANDO...

Que fique aqui bem clarinho que tenho um enorme respeito for todas as forças policiais portuguesas. Penso que são vitais para a segurança de todos nós. E penso até que são pouco protegidas, têm poucas regalias para os riscos que correm.
Porém, como em todas as classes profissionais, há os bons e os maus, há os que têm momentos felizes e os que têm momentos infelizes.

O que se passou comigo, foi um desses momentos ou um desses profissionais. Se os senhores tivessem feito o seu trabalhito, saido do carro, me exigissem os documentos e me autuassem com base no estabelecido na lei, eu teria feito o choradinho à mesma (sou tuga, porra) mas acabaria por meter a violinha no saco e pagar a multinha. E os senhores estariam carregadinhos de razão.

Agora, o que se passou foi o mesmo que um vendedor de material de WC's dizer a uma senhora que quer uma banheira de hidromassagem: "Ai quer uma banheira de hidromassagem? Anda a gastar o dinheirito do seu marido, é?" Quanto tempo mais é que acham que ele ficaria com a cliente? Ou um empregado de mesa dizer a uma mulher que lhe pede um bife da vazia: "Não lhe custa a ganhar, não é?"

Aí toda a gente entende que é falta de educação mas como são agentes policiais o que acontece é que calamos e comemos.
Eu respeito as forças policiais, mas, meus amigos, também me devem respeitar a mim. Porque se o estereotipo existe, a senhores como este, que eu descrevi, o devem. E cabe, aos bons profissionais que lá existem lutarem para contrariar esta ideia. Arejarem as ideias dos colegas e espero um dia poder escrever aqui: "Bolas, não me safei (ou safei) mas o fulano era educadissimo e fez o seu trabalho de forma irreprensível. Tive azar (ou não) mas lá está, ele tinha razão e soube usá-la."

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

SAY WHAT????


Aqui há uns meses, estava eu a entrar na minha terrinha, conduzindo airosamente a minha viatura e falando displicentemente ao telemóvel.

Ora a minha terrinha tem ruas muito estreitas onde dificilmente passam 2 carros. Estava eu a começar a subir e quem vinha para baixo? Uma carrinha da GNR ( e não, não é o Grupo Novo Rock...)! Ali ficámos cara-a-cara e eu a pensar que podia sempre engolir o telemóvel com a rapidez super-sónica de um super-herói e negar tudo... Infelizmente, tinha esquecido a lingerie mágica, que me dá os super-poderes, em casa e o Sr. Agente faz-me sinal para descer o vidro.

O condutor, moço bem apessoado até, tinha ar de que me ía ladrar a qualquer instante.

Ao seu lado, ía uma Srª Agente que passou todo o tempo a olhar para mim com um ar furioso e reprovador, abanando a cabeça negativamente, mas sem dizer uma palavra. Penso que estaria a rosnar baixinho, qual rotteweiler carregadinho de raiva, mas pode ter sido só impressão minha...

Baixei o vidro e afivelei o meu sorriso mais coquete (nos meus olhos podía-se ler: "sou tão parva, mas tão parva, Sr. Guarda que só me falta mesmo ter uma luz neon na cabeça a dizer isso mesmo!") na esperança de que o sr tivesse pena da minha estupidez e fingisse não ter visto a prevaricação. Estava era com medo da Rotteweiler que não tinha ar de se compadecer do facto de eu ser gaija e parva...

O Sr. Agente, sem sair do carro, amanda-me (do verbo atirar com muita força e brusquidão) a seguinte frase: Ah pois é! E depois vão chorar para tribunal!

Eu, temerária, após tal tirada, só me restava mesmo apelar à estupidez natural: Oh Sr. Guarda, se é para ir chorar para tribunal, podemos atalhar caminho e eu choro já aqui!!!

Arrependi-me 2 segundos depois, quando comecei a sentir os dardos que ele lançava com os olhos. Eis senão quando ele se sai com esta pérola: Pois é, andam os vossos maridos a trabalhar para depois vos andar a pagar as multas de €125, n'é? Não vos custa a ganhar, é o que é.

SAY WHAT?????? COME AGAIN?????

Nesta fase, havia 2 hipóteses:

1. Salta-me a tampa e chamo-lhe todos os nomes do cardápio porque, ao fim ao cabo, sou gaija emancipada e tenho a reputação (de milhões de mulheres para defender) a defender;

2. Continuo com o ar de parvinha nas trombas e pode ser que me safe.

Enquanto, estou a decidir, cada vez mais fascinada com os dentes da srª no lugar de passageiro, ele deve ter assumido que o que tinha dito estava certo e remata: Vá-se lá embora. Mas, da próxima vez que pensar em falar ao telemóvel a conduzir, pense que o dinheiro custa muito a ganhar ao seu marido.

E com esta se vai...

Lembrei-me disto por causa desta menina. E tu achavas que os teus eram parvos?...

O SEXO NA MINHA CIDADE


Desde a "queda do muro de Berlim", tive em duas ocasiões aquilo que se pode qualificar como um date.

Tudo quanto é mulher sabe bem que qualquer uma de nós é susceptível de perder as mais variadas coisas durante um evento desta natureza. Estando entre as mais comuns: peças de lingerie, brincos, batons, a própria cabeça...

Ora, como qualquer dos visitantes deste canto sabe, a minha vida não se pauta normalmente pelo comum e habitual. Ou seja, no meu caso, as perdas foram as mesmas e traduziram-se em capas de sapatos. E a, consequente, tentativa de evitar desgraçar o salto dos mesmos em ambas as ocasiões.

Balanço de 2 dates: 2 pares de sapatos para arranjar.

Moral da história: a Eu Solteira, a continuar a verificar-se este padrão, precisa não de vestidos espampanantes ou acessórios ofuscantes, mas sim de cartão de cliente do sapateiro mais próximo!!!! Ou isso, ou começo a levar crocs...

domingo, 3 de agosto de 2008

PONTO ZERO

(Girl before a mirror - Picasso)


"A última das ilusões é crer que as perdemos todas."
(Maurice Chapelan)


Quem espera... Alcança ou desespera?

E o que espera quem nada espera?

É possível passar pela vida sem expectativas em relação a qualquer coisa?

Quem nada espera, não se ilude e, consequentemente, não se desilude. Até aqui, tudo faz sentido. Parece até uma forma bastante boa e segura de encarar a vida.

Agora, será viável nada esperar de uma relação? Seja ela de que natureza for. Todas as relações têm um ponto zero, aquele ponto em que se iniciam. Se todas todas as cartas forem colocadas na mesa nesse ponto, será exequível não haver expectativas? Será possível não criar a mais pequena ilusão?

Nós criamos expectativas em tudo na vida. Compramos um gelado e esperamos que nos satisfaça, vemos uma blusa numa montra e desejamos que nos assente bem. Colocamos expectativas em tudo na vida, penso que é inevitável colocá-las também nas pessoas.

Se me perguntassem hoje que expectativas tenho das pessoas, e depois de alguma reflexão, a resposta seria que, em alguns casos, a única expectativa que tinha afinal não era em relação à outra parte; a única expectativa que se tem é que não defraudemos as expectativas que os outros têm de nós.

E num ponto zero, penso que essa é a única expectativa. Tudo resto será a construir e é, ainda, apenas um grande nada refletido num jogo de espelhos.

AUSÊNCIA


A casa está demasiado vazia.
Os brinquedos demasiado arrumados.
Sobra-me tempo e espaço.

Falta-me gente nos braços.
Falta-me o impecilho quando me quero despachar.
Falta-me a exasperação a que me levas.

Sinto falta dos teus braços no meu pescoço.
Sinto falta das palavras atabalhoadas.
Sinto falta de que gastes a palavra 'mãe'.

Passou pouco mais que 48 horas e ainda falta mais uma semana e gostava de saber como pode alguém viver sem respirar tanto tempo.

Falta-me um orgão vital e esvaio-me lentamente até que voltes para fechar esta ferida aberta que tenho latente no meu peito.