“B’dia. Já acabaram as férias*? Então não durmo mais contigo. Mais logo, vou dormir sozinho.”
Assim. Sem aviso prévio. Sem anestesia. Nada. A seco.
Ando há mais de 2 anos a tentar convence-lo de que não pode passar mais de metade da noite na minha cama e, eu falar ou um carro chiar, ia dar ao mesmo; quando acordava, de manhã, lá estava o emplastro colado às minhas costas “puke no meu quáto, estou sozinho!”
E ontem, sai-se com esta. Resisti a implorar-lhe mais uma noite (que era o que me apetecia fazer) e esperei pelo final da tarde para ver se a resolução se mantinha.
Apanhei-o no colégio e assim que entra no carro: “Mãiii. Vamos pa casa rrumar meus binquedos que eu vou dormir na minha cama sempre**.”
E chegada a casa, toda a gente sabe que sou bem mandada, lá tratei de o ajudar a arrumar os 7324910560725607264572645723676348756394659877 brinquedos espalhados pelo, até então, maioritariamente, quarto de brincar. Mudei-lhe os lençóis (não que aqueles tenham tido grande uso desde a semana passada, mas enfim) e resisti novamente à tentação de implorar por mais uma noite.
E porquê, perguntam vocês? Porque imploraria eu tal coisa?
E eu explico. É que aquela coisa gira com um metro e pouco, que me leva ao desespero todos os dias com aquela língua afiada, é um clone da sacana da mãe dele (seja lá essa gaija quem for). Ele até pode demorar para se decidir. Ou então até já ter decidido e esperar para pôr em prática. Mas quando se decide, acabou. Finito. Kaput. Eu deixei de pegar no meu filho ao colo para o adormecer ou dar o biberon quando ele tinha pouco mais de um ano. Porque ELE decidiu que já conseguia fazer essas coisas sozinho. Quando EU decidi tirar-lhe a fralda, foi um desastre. Um dia, ELE não quis mais fralda durante o dia e acabou-se a fralda. O mesmo quando ELE decidiu que não queria mais fraldas de noite. Bolas, eu vi na cara dele, aos 13 meses, o momento em que ele decidiu começar a andar!!!
Portanto, dados os antecedentes, posso concluir que nunca mais vou acordar com a lapa colada a mim e eu quase a cair da cama.
E se o meu lado de mãe racional pensa: “Shhhhh! Não digam nada para ver se desta é de vez”. O meu lado de mãe emocional sente como se se estivesse a cortar mais um laço.
E ontem dormiu a noite toda na cama dele. E acordou e com aquele sorriso sacana lindo de morrer que ele tem, disse-me todo orgulhoso: “Viste? Viste? Dormi tudo no meu quáto! E hoje vou fazer, outra vez!”
*Leia-se ‘fim-de-semana’
** Leia-se ‘a noite toda’
2 comentários:
Errado. Tu não percebes pêva. Não devias ter mudado os lençóis. É que tenho cá para mim que tamanha decisão se deveu ao cheiro do meu perfume que andava pela cama dele...
Queres fazer contas, outra vez?
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