quinta-feira, 22 de abril de 2010

PRECONCEITOS

clip_image001

Todos gostamos de dizer que não somos preconceituosos. Eu sou. Admito e, por muito que gostasse de contrariar isso, não consigo.

Eu não me consigo imaginar a sair ou a manter um relacionamento com uma pessoa que não me seja intelectualmente igual. Por isto, não quero dizer que só gosto de ‘dótores’ ou ‘enginheiros’. Que isso é um erro crasso que é muitas vezes repetido. É que um curso superior, hoje em dia, não é sinónimo de inteligência. Conheço muito ‘dótore’ que nem consegue conjugar o verbo com o sujeito quanto mais manter uma conversa interessante. Por oposição, outros há que nem tendo acabado o secundário nos prendem com raciocínios brilhantes e teorias que nunca nos tinham aflorado a ideia.

Eu sei. Está tudo agora a pensar: Então a cabra acha-se assim tão esperta que faz testes de QI aos gaijos antes de os comer?

Desculpem, mas que me pode levar a envolver-me com alguém com quem não possa falar? Que me pode fazer relacionar com alguém que ao escrever-me um bilhete, me arrepia os pelos da nuca e quejandos com os erros de português?

Não consigo. Eu sei que o problema é meu, mas não consigo. Começo a imaginar-me a tentar fazer uma qualquer piada e a mesma a perder-se no ar porque a pessoa não entende. Começo a pensar nas noites a discutir o telejornal quando eu detesto ver noticias. E prende-se-me o ar e fico aflita e apetece-me fugir. Para isso, mais vale ficar quietinha, não é?

De igual modo me incomoda ver um homem inteligente, culto, interessante correr atrás de uma mulher que não consegue articular uma frase com principio, meio e fim mais do que uma vez de 6 em 6 meses. E se eu de alguma forma estiver envolvida nessa história, é o equivalente intelectual a ter um homem fantástico na minha cama, de lençóis lindos, cheirosos e imaculados, e saber que ele depois vai para uma cama suja de lençóis manchados e bolorentos. E a dúvida intelectual é se depois de sair desse antro voltou a entrar na minha cama imaculada sem passar no chuveiro. E acreditem que isto é algo que me deixa fisicamente nauseada.

Sim, sou preconceituosa. E, aparentemente, cada vez mais. É que se antes só me afectavam as pessoas burras em relação a mim, agora também me afectam em relação a pessoas que me atraem. É que se antes me incomodava a promiscuidade física, agora também dá cabo de mim a promiscuidade intelectual. Como se temesse que fosse algum vírus que me possa infectar e transformar.

E com tudo isto a certeza de que estou a meio passo de ter uma longa e próspera vida exclusivamente dedicada ao celibato. Ai estou, estou…

I CARRY YOUR HEART WITH ME

i carry your heart with me (i carry it in
my heart) i am never without it (anywhere
i go you go, my dear; and whatever is done
by only me is your doing, my darling)
i fear
no fate(for you are my fate, my sweet) i want
no world(for beautiful you are my world, my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you
here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life; which grows
higher than the soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart
i carry your heart (i carry it in my heart)

(E. E. Cummings)

Projecto de Gaijo: Mãiiii?

MQP: Sim?

P.G.: Tou tiste… (beiço esticado)

MQP: Porquê, querido?

P.G.: Puque tu róbaste o meu coração.

MQP: Eu????

P.G.: Sim. Eu amo-te e o meu coração foi viver para o teu. Tu róbaste-me o coração…

(Mãe faz grandes sacrifícios para não se debulhar em lágrimas. Fade out.)

CALCANHAR DE AQUILES

Todos nós temos um.

Eu lembro-me de estar grávida e das p***s das hormonas me terem posto uma semaninha inteira a sonhar com um ex-namorado. ‘Aquele’ ex-namorado com quem eu acreditei que o amor para sempre era possível. O único com quem eu sonhei em envelhecer e resmungar. ‘Aquele’ com que tudo ficou mal resolvido e de quem até hoje nada sei, excepto que está vivo porque o vejo, de vez em quando, na televisão. E lembro-me de pensar: “E se ele agora me aparecesse à frente? O que é que eu fazia?” E lembro-me de não saber a resposta.

E não temos todos nós um Calcanhar de Aquiles destes na vida? Não existe para todos nós aquela pessoa que se voltasse a entrar na nossa vida poderia destabilizar e, possivelmente, fazer ruir tudo o que construíramos até então?

Como é possível todas as certezas inabaláveis da nossa vida caírem por terra com um simples ‘olá’?

DA FÉ DESMESURADA

«26 de Agosto [de 1941], terça-feira à tarde
Dentro de mim há um poço muito fundo. E lá dentro está Deus. Às vezes consigo lá chegar. Mas acontece mais frequentemente haver pedras e cascalho no poço, e aí Deus está soterrado. Então é preciso desenterrá-lo.
Imagino que há pessoas que rezam com os olhos apontados ao céu. Esses procuram Deus fora de si. Há igualmente pessoas que curvam profundamente a cabeça e a escondam nas mãos, penso que essas pessoas procuram Deus dentro de si.»
(Diário, Etty Hillesum)

TITANIC

Se há coisa que aprendi ao longo dos anos é que todos os homens da minha vida desaparecem. No inicio, isso deixava-me frustrada, achava que tinha algum problema mas hoje estou em paz com esse facto. As minhas amigas estranham a calma com que aceito essa situação. Procuram explicações que eu já não procuro, conformada que estou em nunca ver o final dos episódios desta grande série que é a minha vida.

Lembro-me do primeiro que saiu e do que chorei. Foi também o único a quem, praticamente, implorei em prantos que não fosse. A partir daí, aprendi que não podemos forçar ninguém a ficar, se essa pessoa não o quiser. Depois de se aceitar esse facto, podemos com (relativa) facilidade aceitar a saída das pessoas da nossa vida.

Umas vezes custa mais que outras a aceitar e já houve para todos os gostos: os que simplesmente se evaporaram, os que se apaixonaram, os que morreram, os que voltaram anos depois…

Se tenho alguma defeito? Devo ter bastantes. Há quem me acuse de ser intimidante (eu sei que é intimidadora, mas se me chamam intimidante quem sou eu para discordar?). E eu, aos 35 anos, tenho que admitir que aquela altivez arrogante que via na minha avó, no meu pai e que pensava ter saltado da primogénita desta geração para a minha irmã, é característica que me atribuem amiúde. No entanto, também tenho qualidades que parece que intimidam tanto ou mais que os defeitos.

Mas porque é que eu estou a contar tudo isto? Perguntam vocês. É simples. Porque eu sempre quis fazer uma tatuagem. Tive foi sempre dúvidas sobre o que seria ou se teria coragem para o fazer. Neste momento, resta-me apenas a segunda dúvida, porque a arranjar coragem, sei perfeitamente o que tatuarei e onde. Será no fundo das costas e será o seguinte:

Not even God can sink this ship!

E depois de o fazer, sento-me sossegadinha no sofá com uma caipirinha ou uma moranguinha e uma bela de uma música e fico à espera do iceberg!

AMIZADE É…

clip_image001

quarta-feira, 21 de abril de 2010

DETESTO

Quando sinto este aperto no peito. Quando sinto esta dificuldade em respirar. Invariavelmente, é sinal de que alguma coisa vai correr mal...
Pode ser que se eu escreva, passe...

PRINCESA

Projecto de Gaijo: Mamã, no Natal vou-te comprar uma saia para ires dançar.

MQP: Dançar? Com quem? Contigo?

P.G.: Oh mãe! Com o Pincipe! Tu és a Princesa!!!

MQP: Princesa?

P.G.: És a minha Princesa! E eu compro a saia e uso aquele fato do Pincipe e dançamos e todos ficam felizes.

Pois ficam, meu amor, pois ficam… E nós, em calhando, já tentávamos travar esse Complexo de Édipo exacerbado que aí vai, não? É que pelo andar da carruagem, daqui a bocado, nenhum gaijo se pode aproximar de mim se tu suspeitares que ele tem segundas intenções. Parece que tens um radar incorporado que detecta essas criaturas à distância.

Sim, que ainda há um que deve estar em estado de choque e a pensar lindas coisas de mim, pois depois de não sei quantas horas a destilar charme num jantar em casa de amigos, tu decides trepar para o meu colo e, sem despregar os olhos do senhor que, incauto, continuava sorrindo e achando uma gracinha à mãe e ao filho, agarras na minha mão e com o maior ar de sacana à face da terra, atiras-lhe: Sabes, eu e o meu pai vamos comprar um anel para ti (mas os olhos no outro). Um anel lindo com corações e flores.

Nem vale a pena perguntarem. Claro que nunca mais vi, nem ouvi nada do senhor (embora também tenha havido, posteriormente, um teenager envolvido que pode ter acabado com o resto da minha pobre imagem).

Cristo dizia: Deixai vir a mim as criancinhas.

Eu, que até ando numa fase religiosa, sou mocinha para dizer: ele que venha cá abaixo tomar conta delas 15 dias que depois quero ver se o discurso não muda, porra!

JOGOS

Google Imagens

Eu ao telefone a contar a uma amiga que o Gaijito tinha passado o fim-de-semana na avó, a jogar jogos no computador, a partir do Google:

MQP: … Ou seja, o Gaijo agora já sabe entrar no Google…

Projecto de Gaijo: Oh mãeeee… O Guuuuuuuguele não é para entrar! É só para jogar! Não se entra no Guuuuuuuguele!

(Pois não, amor, não se entra. Eu vou só ali entrar no armário e partir-me a rir com o Guuuuuuuguele e já venho!)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

I’M CHARLIE…

“Oh, I don't know, Charlie. Unlike you, I never expected "the thunderbolt." I always just hoped that, that I'd meet some nice friendly girl, like the look of her, hope the look of me didn't make her physically sick, then pop the question and, um, settle down and be happy. It worked for my parents. Well, apart from the divorce and all that.”

(Tom in Four Weddings and a Funeral)

And what if I’ve been wrong this whole time by expecting the thunderbolt?

O FACEBOOK, AS MALUCAS E OS PEQUENITOS

Circulam por esta net fora avisos acerca do Facebook e que o mesmo regista todos os conteúdos dos utilizadores e os usa ou os vende ou o Diabo a 4.

Eu, que olho para as árvores mas também para a floresta e tenho mais medo das pessoas que das aparições, preocupo-me mais com o que a gentinha que lá anda faz do que com o fantasma do Big Brother.

E isto porquê? Perguntam vocês. Que se passou?

Ora, como sempre a Peixa explica (gostava tanto de ser jogador de futebol para falar mais vezes em mim na 3ª pessoa). Desde há uns dias para cá anda um sururu no meu grupo de FB porque apareceu uma maluca a injuriar um fulano de psicopata para cima. Ora, como toda a gente sabe, eu adoooooooro malucas e já não me aparecia nenhuma assim tão boa desde a Laurinha, quando esta me bateu à porta, eu até lhe estendi o tapete vermelho, tirei a toalha de linho e servi chá no serviço de porcelana da avó. Ela, Maluca, ficou toda contente com a atenção e vá de falar comigo. Começou por me avisar que aquele fulano (chamemos-lhe Valmont) era mau, muito mau e que era feio e que tinha 60 anos e que nem estava onde dizia que estava. Para não sei quantas horas e insultos (gosto tanto quando insultam; mostram sangue na guelra e dá credibilidade às boas intenções das pessoas) depois, dizer que estava chateada porque o Valmont a tinha bloqueado e ela não sabia porquê. (Oh Maluca, é que não entendo. Não entendo mesmo!!!!) Portanto, queria encontrá-lo para lhe perguntar. E toda a gente sabe que a melhor maneira de encontrar alguém é escarrapachar nos murais de toda a gente que aquela pessoa é um psicopata que anda no Facebook a enganar toda a gente. É do conhecimento geral que se chamarmos psicopata mentiroso a alguém, essa pessoa volta a ser nossa amiga.

Eu que já me cruzei com várias malucas, encontro sempre a mesma motivação e só posso concluir que há gajas que lidam muito mal com a rejeição e que os gaijos se dessem, de vez em quando, uma queca misericordiosa, a vida deles era muito mais sossegada.

E depois, no meio desta história toda, só me lembro do argumento do ‘Expiação’. Um capricho que destrói não sei quantas vidas. E para quê? Qual é o gozo? Qual é o fim? O que é que se ganha?

sábado, 3 de abril de 2010

“DO YOU LIKE OPERA?”*

Eu choro nos filmes. Não só nos filmes como em séries, músicas… Eu até choro em alguns anúncios de televisão. Não choro na vida real. Sim, sou estranha. Não entendo aquelas pessoas que choram por tudo e por nada e sou incapaz de entender as pessoas que não choram no ‘Paciente Inglês’.

E eu vi o ‘Filadélfia’ na mesma altura em que, provavelmente, todos vocês viram. 1993/1994. As únicas cenas que me marcaram (Não me entendam mal. É um filme fabuloso. Mas as coisas marcam-nos por motivos estranhos. Pelo menos, a mim acontece-me muito) foi a anedota dos advogados que não descansei enquanto não a contei à minha mãe, ainda não refeita da minha escolha por Literatura, preterindo, desta forma, o curso de Direito que ela acalentava a esperança que eu tirasse (praga de mãe resulta sempre. Vão por mim que não vos engano…) e foi a cena da ópera.

Eu acho que nunca tinha ‘ouvido’ ópera até então. Claro que tinha ouvido mas nunca tinha escutado. Lembro-me que ali, com 18/19 anos, fiquei siderada na sala de cinema enquanto o Tom Hanks descrevia a ária que ouvia ao Denzel Washington. Ali, escorreram-me as lágrimas do filme. Pouco tempo depois, comprei o meu primeiro cd de Maria Callas. E nunca mais fui capaz de deixar de prestar atenção. E, não raras vezes, serve esse género para expiar as dores que vão cá dentro Quem nunca ouviu ópera no carro, com o volume bem alto, não sabe o bem que se sente depois…

É como se a música tivesse o condão de libertar tudo o que está aqui acumulado e não sai e magoa e não traz nada de bom.

Foi ao som de uma ária de ópera que eu interiorizei a morte do meu pai. Foi ao som de Pavarotti que eu tomei consciência que nunca mais poderia ligar aquele número para perguntar o nome do canalizador ou o número do homem do gás. Quando ele morreu, eu fugi tão depressa de onde estava que só parei 300 kms depois quando tinha o meu filho nos braços. Quando o senti colado a mim mostrando-me vida quando me tinham dado a morte. Apontando-me o futuro quando me diziam que a partir dali só havia passado. E, com ele nos meus braços, com a cabeça dele na mesma almofada que a minha, eu senti a ilusão de que talvez não fosse tão mau assim. Mas depois o ‘Nessun dorma’ começou a tocar e eu soube que era mau, era péssimo e que uma parte de mim nunca mais seria a mesma mas que o que sobrava iria avançar e superar apesar das lágrimas e da dor.

Porque é isso que fazemos sempre: superamos e avançamos sempre. Uma lágrima de cada vez, uma dor de cada vez.

NESTE BLOGUE SOMOS PELA DIFERENÇA

VooDooDoll.gif VooDoo Doll image by milana_rt

A trabalheira que as minhas leitoras me dão…

Só mesmo neste blogue é que tinha que haver duas a clicar no link ao mesmo tempo e a serem a leitora 30.000. Sim, estou a falar no feminino porque os gaijos nem clicam com medo de receber como prenda um telemóvel da Hello Kitty!

Assim sendo, restava-me ir analisar o sitemeter. Pedir às meninas que me indicassem os seus IP’s e desempatar isto pelo IP que aparece no contador com o 30.000.

Agora digam-me lá vocês que já me vão conhecendo: acham que eu não tinha mais nada que fazer, não?

Posto isto, resta-me pedir às meninas Dorushka e Moonlight que me enviem um mailzinho com as moradas que vão receber em suas casas…

(Tambores a rufar… Corações acelerados… Lágrimas mal contidas…)

Uma magnifica Boneca de Voodoo!!!

Eu sei que não era o que estavam à espera. Que os outros blogues dão perfumes, cremes, telemóveis… Mas as minhas leitoras já são as mais bonitas, as mais cheirosas e estão sempre contactáveis. Daí eu ter decidido dar-lhes algo que, efectivamente, qualquer mulher precisa em muita circunstância desta vida.

Portanto, meninas, é mandar o mailzinho, fáxavor.